Politica

Lula no ABC: ampliação de universidade, inauguração de fábrica e mais críticas aos juros

São Paulo – De volta à região de sua origem política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta sexta-feira (2) de cerimônias de ampliação da Universidade Federal do ABC e inauguração de uma fábrica de ônibus elétricos. E aproveitou para retomar as críticas à taxa básica de juros, decidida pelo Banco Central. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será realizada nos próximos dias 20 e 21.

“Para a elite dominante deste país, tudo que é benefício é gasto”, afirmou Lula, citando áreas como saúde e educação. “Gasto é a gente pagar 13,75% no juro para o sistema financeiro deste país. Isso é gasto. O restante é investimento”, acrescentou o presidente, em São Bernardo, no campus da universidade criada em seu primeiro mandato. “Não conseguia entender como a região mais industrializada do país não tinha acesso a uma universidade federal”, disse ainda Lula, lembrando de seu tempo de dirigente sindical metalúrgico. Vários ministros acompanharam a visita.

Orçamento para universidades e institutos
Em abril, o governo anunciou uma “recomposição” do orçamento de universidades e institutos federais, destinando R$ 2,4 bilhões. Quantia que, segundo o reitor da UFABC, Dácio Roberto Matheus, começa a dar fôlego ao setor. “Essa retomada é fundamental, porque nos últimos seis anos sofremos cortes sucessivos, muito além do que o teto de gastos nos impunha”, afirmou. Ele afirmou que a ampliação, com 22 laboratórios, “aumenta a nossa capacidade de colaboração” com a sociedade e o setor produtivo da região do ABC paulista.

E foi justamente o setor produtivo o motivo da segunda atividade de Lula no ABC, também em São Bernardo, para a inauguração da fábrica de ônibus elétricos da Eletra. A unidade terá capacidade inicial para produzir 150 veículos por mês, com seis modelos no total, cinco do chamado e-Bus, 100% fabricado no Brasil. Para a empresa, a sustentabilidade é o caminho para criar empregos de qualidade e “aumento da competitividade internacional do parque produtivo brasileiro”.

Reindustrialização brasileira
Ao citar artigo recente do presidente Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, a presidenta da Eletra, Milena Romano, afirmou que a empresa é “um bom exemplo dessa nossa indústria que está nascendo no país”. Com tecnologia nacional, desenvolvida por engenheiros e técnicos brasileiros, e “cadeia produtiva completa” por meio de parcerias. A previsão inicial é de produzir 1.800 ônibus por mês, capacidade que poderá ser ampliada. Segundo ela, a cadeia poderá chegar a 10 mil empregos em três anos.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, lembrou que o país criou 180 mil vagas com carteira assinada em abril, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo ele, a expectativa é de que sejam abertos de 2,2 milhões a 2,5 milhões de postos de trabalho formais neste ano.

Políticas públicas
Ainda pela manhã, na UFABC, Lula falou em um projeto de reconversão industrial desenvolvido na universidade. “A meta é fortalecer a capacidade da região de atrair investimento, gerar emprego, desenvolver tecnologia e ampliar o nível de competitividade. (…) Estamos há seis meses reconstruindo todas as políticas públicas que nós levamos 13 anos pra fazer. Eles destruíram tudo em quatro ou seis anos. Vão voltar melhor.”

Mais tarde, na fábrica no ABC, Lula destacou o fato de a empresa ser comandada por mulheres. E lembrou que ontem (1º) o Senado aprovou o projeto do governo sobre paridade salarial entre homens e mulheres. Ele observou que a frota de ônibus escolares precisa ser renovada. E defendeu o setor produtivo nacional. “A indústria brasileira já representou 30% do PIB. Hoje, apenas 10% ou 11%. Todo mundo sabe que houve campanhas imensas para destruir a empresa nacional. Cabe ao Estado garantir a sobrevivência da indústria brasileira para que a gente possa ser competitivo com o mundo exterior”, afirmou o presidente.

Ele também falou, pela manhã, sobre a correlação de forças na Câmara, lembrando que a esquerda tem “no máximo” 136 votos. “Precisamos de 257 para aprovar uma coisa simples. É importante que vocês saibam que não é só ganhar uma eleição. Ontem, a gente corria o risco de não ter aprovado sistema de organização (ministerial) que nós fizemos. Temos que conversar com quem não gosta da gente, com quem não votou na gente. O que aconteceu no Brasil serviu de lição para a gente saber que a democracia não é pouca coisa, e nós precisamos exercitá-la.”

 

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